PIONERISMO FEMININO NA AVIAÇÃO POLICIAL MILITAR BAIANA

 

Os registos apontam que a presença feminina na aviação é uma realidade mundial desde os anos de 1909, quando a francesa Elisa Léontine Deroche se tornou a primeira mulher a obter uma licença de piloto e, em seguida, a primeira a realizar um voo solo. Seu feito influenciou gerações, encorajando outras mulheres a romperem as barreiras do que as seguravam em terra firme e passassem a assumir o protagonismo de fazer do céu o limite.

 

No último dia 13 de janeiro, 114 anos após esse fato histórico, a Polícia Militar da Bahia escreveu um novo capítulo em sua briosa e centenária biografia. Pela primeira vez, uma tripulação composta por duas mulheres nas funções de piloto comandou uma operação do Grupamento Aéreo (GRAER). As pioneiras são as oficialas associadas da Força Invicta, Maj PM Maíra Galindo (Comandante de Aeronave/Primeiro Piloto) e Maj PM Danusa Andrade (Comandante de Operações Aéreas/Segundo Piloto), que contaram sobre como suas trajetórias de vida as colocaram nesse espaço de igualdade entre os colegas pilotos de helicóptero do sexo masculino.

 

“Ser piloto era um sonho de infância, porém muito distante da minha realidade”, relata a Major Maíra Galindo. Com 21 anos de serviços prestados à PMBA, somente a partir de 2014 a oficiala teve a oportunidade de ingressar na aviação. “Eu iniciei como Segundo Piloto, na função de Comandante de Operações Aéreas. Já em 2022, um ano e meio após eu ter iniciado o treinamento e preparação necessários, fui elevada a Comandante de Aeronave, ou seja, Primeiro Piloto, juntamente com o Major Nogueira e o Major Agno”, conta.

 

A tomada de decisão da Major em se tornar piloto estava para além das inúmeras personagens femininas que habitam ou habitaram a aviação, o destino a surpreendeu com o entusiasmo e incentivo do então Capitão e hoje Tenente-coronel Wolney Anderson. Ele foi um de seus maiores influenciadores a seguir carreira na aeronáutica. “Ele era um piloto apaixonado pela atividade e foi quem me apresentou a aviação policial militar, mostrando-me a parte da dedicação aos estudos, dos treinamentos, salvamentos e riscos também. Ele é um apaixonado pelo que faz e me motivou muito a evoluir na atividade”. O entrosamento da dupla deu tão certo que hoje eles dividem não apenas a paixão por voar, mas também o amor pelos garotos que sonham seguir os passos dos pais. “Temos o ‘Tenente Caio’ de 5 anos e o ‘Aspirante Luca’ de 2 anos, dois pequenos apaixonados pela aviação como nós”.

 

Enquanto mulher e mãe, entre tantos outros papéis sociais, a Major Maíra busca equilibrar as tarefas de piloto de helicóptero com os Cuidados com os filhos. “A rotina da unidade é muito dinâmica com voos noturnos, viagem inopinada, serviços no final de semana, além das atividades administrativas, mas busco sempre conciliar com a vida pessoal, dando a devida dedicação que cada um merece”, relata. Sobre ser referência para outras mulheres, a piloto não esconde sua felicidade. “É uma grande responsabilidade, porque não é apenas entrar, é permanecer. Quando encontro com crianças e jovens meninas se espelhando na gente e se percebendo mais capaz, isso se torna muito gratificante. Aqui eu tenho o sentimento de pertencimento, de estar no lugar que Deus preparou para mim e por isso procuro honrar esta missão com muita dedicação e amor”.

 

A também piloto Major Danusa Andrade se percebe numa história mais desafiadora com a aviação policial militar, tanto por ser mulher como negra. “Tive uma infância simples e feliz, sou a filha do meio e recebia afeto de todos os lados. Embora eu tivesse estudado no Colégio da Polícia Militar, nunca pensei em ser piloto, estava longe da minha realidade chegar nesse lugar, era algo inacessível, especialmente por ser mulher e negra”, lembra a oficiala. Contudo, o que ela não esperava, era que o sonho da infância vencesse os obstáculos sociais e étnico-raciais e se tornasse uma realidade. “Quando andei a primeira vez de avião já era policial militar formada. Entre os anos de 2014 e 2015 fiz o curso de piloto privado e comercial, e ao termina-lo me apresentei no GRAER para o Curso de Comandantes de Operações Aéreas. Findado este novo curso já estava apta para exercer as funções na cabine”, conta a Major, demonstrando todo o seu orgulho de quem honrou o compromisso consigo mesma de ir além.

 

“Minha família achou arriscado, mas me apoiou desde o princípio. Essa nova realidade me faz sentir muito feliz e honrada em poder servir a população do estado, ao tempo em que também me coloca numa posição de grande responsabilidade em fazer o melhor e poder inspirar outras mulheres a também desempenharem atividades consideradas masculinas e correrem atrás dos seus sonhos. Sinto-me realizada profissionalmente, com a sensação de dever cumprido, principalmente nas missões de socorro e que envolvem proteção à vida”, reconhece a Major Danusa, militar com 22 anos de dedicação à Polícia Militar da Bahia e à sociedade baiana.

 

A aeronave das pilotos participou de uma ação policial militar nas áreas de Boca do Vulcão e Chafariz, em Lauro de Freitas, município de Região Metropolitana de Salvador. De acordo com a Polícia Militar, a nova era em que as guardiãs inserem o GRAER é marcante, pelo fato de tripulações femininas ainda serem inéditas em boa parte dos estados brasileiros.

 

Para Igor Rocha, presidente da Força Invicta, “enquanto entidade representativa da categoria, que tem em uma de suas finalidades fomentar uma maior participação das mulheres, bem como a ocupação dos espaços de comando, chefia e direção, ficamos extremamente felizes com a assunção das duas oficialas, nossas associadas, a estes postos. Esse é sem dúvidas um marco na história da Polícia Militar e repercute também o momento sociocultural que vivemos, em que a mulher, cada vez mais, ocupa o seu lugar”.

 

Quem também compartilha dessa opinião é a secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA), Elisângela Araújo. Para ela, “a liberdade de escolher a profissão é mais uma vitória das mulheres que lutam pelo empoderamento e a emancipação. Trabalhar por escolha, em condições de dignidade, segurança e igualdade é parte do bem-estar humano. Garantir que as mulheres tenham acesso a esse direito é um fim importante em si mesmo. A Major Danusa e a Major Maíra vão inspirar muitas meninas e mulheres da capital e do interior, pois, ao realizarem seus sonhos, conquistaram um importante espaço em uma área dominada por homens. Parabéns as duas e ao Comando da Polícia Militar que deu visibilidade ao trabalho dessas profissionais”.

 

A Força Invicta parabeniza suas associadas por toda dedicação empenhada ao longo da carreira militar e pela representação de ambas no setor aeronáutico, servindo-se de inspiração para futuras gerações.

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