Discurso de Posse

Discurso de Posse em 09 de janeiro de 2023

 

Senhores e Senhoras, bom dia!

Quero iniciar esta fala agradecendo a Deus, o Supremo Arquiteto do Universo, a quem me dirijo em todos os momentos da minha vida, para que eu possa ser instrumento e canal da Tua vontade nos meus pensamentos, atos e palavras e a quem atribuo este momento especial.

Agradecer aos meus pais,  que aqui representam toda a minha família, por terem me dado os valores e princípios que servem de régua e compasso na minha vida e que me trouxeram até aqui: o espírito de servir ao próximo e o de justiça. Valores e princípios que não foram transmitidos através de uma retórica vazia, mas vivenciada por meio dos exemplos de vida.

Minha mãe, uma funcionária pública que após 34 anos de serviço terminou a sua carreira ilibada, sendo reconhecida até hoje pela sua dedicação e pelas pontes que construiu, ajudando as pessoas que precisavam de auxílio num tratamento de saúde, ou apenas de uma palavra de conforto.

Meu pai, uma pessoa que sempre me ensinou a não me resignar com a injustiça e sempre me colocar como alguém que pode fazer diferente.

Foram estes ensinamentos que me trouxeram até aqui. O ânimo por servir ao próximo, à coletividade, a um propósito maior que deve nos tirar da cama todas as manhãs.

Ao verificar que existiam questões que me angustiavam, que me pareciam injustas, eu me vi numa encruzilhada que muitos dos senhores e senhoras aqui já se viram: permanecer na zona de conforto, me resignar, somando-me a um grupo da crítica pela crítica, ou, ter a coragem de contribuir para transformar aquela realidade naquela em que ansiava. E, hoje, tenho a oportunidade de ver muitos aqui neste auditório que assumiram esta responsabilidade, como os presidentes de entidades que nos prestigiam. Homens e mulheres que colocam a sua vida a serviço do próximo, a serviço da sociedade, a serviço da coletividade.

E, neste momento, faço uma homenagem aos nossos ex-presidentes, iniciando pelo então Sr. Capitão Silvio Correia, que 18 anos atrás teve a coragem e a determinação moral para junto a um pequeno grupo de oficiais fundarem esta que se tornaria a maior associação de oficiais da Bahia, referência dentro do estado e nacionalmente – a nossa Força Invicta. Numa época em que este ato, por si só, já poderia ser considerado um ato heroico, devido ao contexto sociopolítico.

E da mesma forma, aqueles que seguiram esta trilha, o nosso querido Tenente-coronel Edmilson Tavares, a quem rendo as minhas homenagens pelos ensinamentos e inspiração para a luta associativa, ao Tenente-coronel Elsimar e, por último, ao Sr. Tenente-coronel Copérnico Mota, nosso Doutor em Educação, com quem aprendi a arte do processo dialético, a possibilidade da construção do consenso através da reflexão dos mais diferentes pontos de vista, da sabedoria da escuta e principalmente de como as pessoas devem estar em primeiro lugar em todas as relações, agradecimento que estendo à família de todos, pelos sacrifícios impostos: pelas noites em claro com as preocupações, pelas ausências em razão das viagens e compromissos, pelas frustrações advindas dos reveses resultantes da defesa de interesses coletivos, por vezes, mal compreendidos.

E, aqui, gostaria de chama-los a uma reflexão: O que é estar à frente de uma associação? Para muitos é ser alguém disposto a servir de mártir – aquela pessoa que se sacrificará em prol de um grupo maior. Será isso? Será que conseguiremos transformar a realidade que nos angustia apenas com a prática deste sacrifício? A resposta é não.

A história já demonstrou isso de diversas formas e em diferentes dimensões. Há a necessidade de uma mobilização que envolva a maioria dos atingidos, daqueles que estão angustiados, insatisfeitos.

Estar à frente de uma associação é representar estes anseios, é saber traduzir estes anseios, é ter a oportunidade de traduzir estes sonhos, através de um processo sinérgico, num projeto em que a maioria se veja de forma democrática e republicana representada e possa se ombrear, possa caminhar junto. É nisto que acredito.

E, aqui, renovo o compromisso feito durante a campanha: iremos promover uma escuta ativa de toda a categoria, para que possamos ter a legitimidade da representatividade. Buscaremos representar a todos os senhores e senhoras oficias da Bahia e pensionistas, sem qualquer distinção de grau hierárquico, quadro de formação, gênero, cor, credo ou ideologia política. Somos uma associação que representa toda a oficialidade e essencialmente apartidária.

Este apartidarismo que nos permitiu ao longo da nossa caminhada no parlamento, seja na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional, defender de forma muito tranquila os interesses da categoria e da sociedade, dialogando com todos os parlamentares, de todo o espectro político-partidário, desde a extrema esquerda à extrema direita, pois os nossos pleitos sempre foram e serão suprapartidários, interessa à sociedade baiana e ao Brasil. Algo que aprendemos e fortalecemos junto à nossa Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares – FENEME.

Falar neste tema é por demais relevante ante os últimos acontecimentos, oportunidade em que agora empossado e me posicionando como presidente da Força Invicta, ratifico que não há espaço para o exercício da democracia quando as instituições são atacadas e desrespeitadas como foram na data de ontem. Não podemos transigir do Estado Democrático de Direito e dos instrumentos republicanos que nos permitem discutir ideias e projetos. A FORÇA INVICTA repudia veementemente todo e qualquer ato contra a democracia. Repudiamos, ainda, a agressão sofrida aos militares estaduais que durante o exercício das suas funções foram covardemente atacados. Repudiamos qualquer narrativa que busque envolver os homens e mulheres que se dedicam diuturnamente à manutenção da ordem e da paz social a estarem compactuando com atos antidemocráticos. As nossas instituições, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, instituições quase bicentenárias, são instituições de Estado que servem ao povo baiano e brasileiro e é dever nosso, de toda a sociedade, zelar por esta condição essencial à democracia.

Desafio que se soma a outros tão importantes para toda a sociedade baiana, que roga por uma melhor prestação dos serviços e maior sensação de segurança pública. E alguns dos senhores e senhoras podem estar se perguntando de que forma estes anseios se refletem na missão de uma associação? Acreditamos que uma melhor prestação de serviço é resultante de um conjunto de fatores que perpassam por condições dignas de trabalho e de vida. Acreditamos que o militar estadual, estes homens e mulheres que dedicam suas vidas diuturnamente em prol da sociedade, precisa de um novo olhar. O cuidador precisa ser cuidado. Enfrentamos hoje um grande problema que ultrapassa a disponibilidade de melhores equipamentos, viaturas, coletes, sedes novas…. ultrapassa a farda nova que possamos envergar. Este problema está sob a farda. É preciso que olhemos para o ser humano. É preciso que olhemos para estes homens e mulheres que estão desmotivados e que estão morrendo, não só pelos confrontos com aqueles que escolheram estar à margem da lei, mas por algo muito mais grave: por desmotivação, por desesperança.

Desde que ingressei nas fileiras da corporação convivemos com este mal, e seguimos entoando a mesma cantiga: “de que o problema é antigo, e ele, a cada dia que não tomamos uma providência no sentido de resolvê-lo, torna-se mais antigo e grave.

Falo da falta de perspectiva de um Plano de Carreira, algo que atinge desde as praças até os oficias, mas como presidente da associação dos oficiais, me permitam dizer que em outros estados da federação, daqui mesmo do nosso Brasil, o oficial que se forma hoje consegue planejar a sua carreira e estima quando chegará a penúltimo ou último degrau hierárquico. Ele sabe que será avaliado de forma objetiva não pelas relações sociais que construiu com decisores políticos do momento, mas pelo seu desempenho alinhado às metas estabelecidas num plano estratégico institucional, pela busca de uma qualificação constante, interna e externa, com especializações stricto e lato sensu, além de tantos outros critérios objetivos que permitam, de forma clara, uma avaliação sistemática, com feedbacks, e estejam alinhados com os interesses sociais, contribuindo para o fortalecimento de uma instituição de estado e mitigando as ingerências externas. Outro ponto que precisamos enfrentar perpassa também pela questão da valorização salarial, que se traduz em condições dignas para que o homem e a mulher, por detrás da farda, possa ter a tranquilidade de exercer a sua função social de defender a sociedade baiana, pois tem o reconhecimento do governo e da sociedade no cumprimento dos direitos previstos na legislação vigente, como a insalubridade e a periculosidade, que os seus filhos e companheiros e companheiras estão abrigados numa moradia digna, que o seu salário lhes permite, assim como em muitos outros estados, inclusive do Nordeste, proporcionar-lhes uma educação de qualidade e a esperança de que podem seguir os seus sonhos.

Por último, gostaria de mais uma vez agradecer a todos os senhores e senhoras que vieram nos prestigiar neste dia tão importante, seja aqui presencialmente ou pela internet, e firmar alguns compromissos: Com toda a sociedade, pois acreditamos que a nossa existência está estritamente vinculada a nossa função social de melhor servir à sociedade e, por isso, nos colocamos à disposição para uma interlocução permanente com a sociedade civil organizada. Com o parlamento, com o governo, com a academia, com todos, nos mais diferentes espaços e arenas a que formos instados a participar, com a finalidade de contribuirmos, através dos nossos associados, gestores e gestoras, especialistas em segurança pública, para refletirmos os nossos problemas, que são comuns, pois todos somos servidores e cidadãos usuários deste mesmo serviço, e propormos caminhos que levem a soluções, a novas políticas públicas de segurança pública.

Compromisso com os nossos associados e associadas que de hoje até o último dia do nosso mandato promoveremos uma escuta ativa para ouvi-los, buscando uma maior representatividade, que começa na composição da nossa diretoria, oportunidade em que aproveito para apresentá-la, tendo como nosso vice-presidente o 1º Tenente Alisson Soares, representando o nosso compromisso no pacto de gerações, resgatando as origens da nossa fundação por um Capitão e um Tenente; o Major João Alves, nosso diretor secretário, a Tenente QOABM Marijane Messias, nossa diretora social, e os mais novos diretores, o Capitão Deison Simões, nosso diretor financeiro, e o Coronel Gilson Santiago, nosso diretor jurídico. Por favor, uma salva de palmas.

E, para concluir, quero convidá-los a mais um compromisso, desta vez não só um compromisso da Força Invicta, mas de todos os senhores e senhoras a quem lhes foi confiada a tão nobre missão de liderar, de conduzir, de ser esse agente condutor de transformação, que não nos resignemos com a injustiça, que não nos acomodemos com situações que levam a desesperança e ao desespero das pessoas, mesmo que o problema se arraste há décadas. Que possamos acordar todos os dias e ter como meta principal: sermos a mudança que buscamos.

Obrigado!

 

FORÇA INVICTA.

 

 

 

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