VISITA DO “CORONEL CHICO MINEIRO” À FORÇA INVICTA RENDEU MAIS QUE UM DEDINHO DE PROSA

Sabe aquelas prosas boas em que, quanto mais o tempo passa melhor fica? Foi exatamente o que aconteceu na terça-feira, 18 de janeiro de 2022, quando da chegada do Ten Cel PM RR Francisco de Paula Lemos à sede da Força Invicta. Com aquela áurea boa e o jeito mineirinho que lhe é peculiar – próprio de um ouro-finense (cidade da região montanhosa de Minas Gerais) – o senhor de 95 anos encantou a todos da equipe com suas histórias (e não estamos falando sobre histórias de ficção). Puxar da memória os fatos sobre sua trajetória profissional ou os causos de família foi para ele tarefa das mais fáceis.

Com 37 anos na reserva, engana-se quem pensa que o “Coronel Chico Mineiro”, como é conhecido, passa seus dias de aposentadoria em pleno gozo do descanso. Saudável, lúcido e extremamente ativo, o Oficial se orgulha de nunca ter parado de servir à PM, sendo atualmente Presidente do Conselho Fiscal da Sociedade Beneficente da Polícia Militar. “Todo mês faço reunião para fiscalizar a documentação e movimentação financeira da Sociedade. Já são 73 anos dedicados à Polícia, entre a ativa e a reserva”, disse.

Ele entrou para a Academia em 1949 e saiu Aspirante em 1951, numa daquelas que foi a menor turma da PM, com apenas 12 Oficiais. Ao concluir o curso, já saiu como instrutor das tropas da própria Academia e continuou assim até o fim de sua carreira. Para além da APM, também foi Comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar e Diretor Regional de Polícia do Extremo Sul por três anos, entre os anos de 1977 a 1979. Sobre esse fato, ele explica o convite casual: “Num certo episódio, quando eu estava embarcando no ferry boat, o Secretário de Segurança Pública, à época o Coronel Luiz Arthur de Carvalho, também estava. Viajamos juntos na seção de comando do ferry e conversamos bastante. Foi aí que surgiu o convite para ser Diretor Regional de Polícia do Extremo Sul, eu aceitei e fiquei lá por três anos, de 1977 a 1979”. Lá no Extremo Sul, o Tenente-coronel PM Francisco de Paula foi inserido na sociedade local, passando a fazer parte de distintos grupos, como a maçonaria, o Rotary Clube, Lions Clube e a Associação de Professores, como o mesmo relata. “Nessa época, fui professor em 28 municípios da região, de Porto Seguro a Mucuri”.

Quando o assunto é a família, aí o Coronel Chico Mineiro desanda a falar. Com olhos que continuam a brilhar, ele conta primeiro sobre a história de seu nome. “Quando meu pai se casou, até a quarta filha era mulher, então, com minha mãe grávida do quinto bebê, ele disse ajoelhado em frente à igreja lá de minha cidade: ‘Meu Deus, eu não tenho um filho! Se o Senhor me der um menino eu coloco o nome do padroeiro’. Eu nasci e fui batizado com o nome do santo Francisco de Paula. Depois vieram mais dois homens, que faleceram ainda na infância”. A partir de Seu Francisco, a família se estendeu por 6 filhos, sendo duas mulheres (já falecidas) e quatro homens, 12 netos e 6 bisnetos.

Mas e a pergunta que não quer calar? Afinal, como o aluno do Colegial veio parar na Bahia? “Essa é uma história bem interessante”, atiça o Tenente-coronel. “Minha vinda para cá foi motivada por meu cunhado. Ele era gerente de um parque que tinha chegado lá em minha cidade e ficou uns meses por lá, tempo suficiente para que ele e minha irmã começassem a namorar. Tempo depois, eles casaram, só que o parque rodava muitas cidades e como ele não tinha mais interesse em continuar trabalhando no circo, falou com o dono, que era seu tio, um Coronel da PMBA, que lhe disse para vender o parque e ir morar na Bahia, que lhe arranjaria um emprego. Então, assim foi feito, o parque foi vendido e ele foi para Bahia com minha irmã. Trocávamos muitas cartas nessa época e nos tornamos grandes amigos. Ele me aconselhava muito de que quando eu terminasse o Colegial fosse para Bahia, pois entraria na Escola de Formação de Oficiais da Polícia Militar, naquele tempo a academia ainda não estava estruturada… Resultado, vim pra Bahia, conheci o Coronel, tio dele, que colocou na minha cabeça que eu tinha que fazer o curso e virei policial”.

Ainda sob seus relatos, o mineirinho conta que na jornada de chegar à Bahia precisou ir para o Rio de Janeiro primeiro, pegar um navio que vinha de Belém do Pará – uma espera que durou mais de 20 dias – para, só então, aportar na capital baiana. E nessa aventura transitória entre águas salgadas, um fato histórico que lhe chamou a atenção foi que, ao sair de Ouro Fino, em janeiro de 1949, sua cidade-natal estava comemorando 200 anos de fundação e ao chegar em Salvador, em março daquele mesmo ano, a “cidade de tanta glória” (um dos tantos apelidos da Primeira Capital do Brasil) comemorava seus 400 anos. “Agora em 2022, Salvador fará 473 anos. Esse é o tempo que sou baiano”, relembra ele soltando aquele sorrisão.

Por hora, encerramos essa história aqui, do contrário, a gente vai acabar dando um spoiler do que ainda está para ser revelado na biografia do Coronel Chico Mineiro. “Já estou rabiscando um livro que conta exatamente sobre o que Chico Mineiro veio fazer na Bahia”, aponta o personagem principal da obra.

Agora, é controlar a ansiedade e esperar!

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